Conheça as angústias mais comuns de jovens empreendedores no Brasil.
A seguir, a consultora e diretora da VRS Cursos, Vivian Rio Stella, que é doutora em Linguística pela Unicamp mostra o caminho das pedras para os jovens que querem tirar a ideia do papel e fazer acontecer:
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Não vejo retorno do que investi
Depois de investir na abertura do negócio – mesmo que não seja um alto valor – parte dos empreendedores se preocupa em obter retorno sobre o investimento com certa rapidez. A cobrança por agilidade parece ser maior sobre os jovens empreendedores que se deixam encantar pelo discurso de revistas voltadas a esse público e de outros opinion makers de que negócios bem sucedidos são os que dão lucro expressivo em pouco tempo. Mas o fato real é que um negócio de sucesso leva tempo para se consolidar. E nem sempre sucesso é medido apenas por quanto se lucra, mas por reconhecimento entre os pares ou entre os clientes, possibilidade de equilibrar vida pessoal e profissional, liberdade maior de agenda e concretização de planos e sonhos que só um empreendedor pode experimentar sem ser podado por um chefe, por exemplo.
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Meu negócio não dobrou de ontem para hoje!
Alguns jovens empreendedores criam seu negócio com foco não na sustentabilidade no longo prazo, mas no potencial a curto prazo. A ideia por trás dessa estratégia é a de estruturar um negócio de muito rápido crescimento – mas não necessariamente lucrativo – com a intenção de vendê-lo. Exemplo clássico é a daquela startup nascida para ser adquirida. O lado positivo para o emocional do empreendedor é que ele não precisa lidar com o estresse da exigência de retorno financeiro em curto prazo ou com a responsabilidade de abrir um negócio que irá durar e precisa ter sua identidade. A contrapartida, porém, é o estresse que vem por conta da necessidade de crescimento de dezenas ou centenas de vezes em muito pouco tempo.
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Cadê o cliente que estava aqui?
Lidar com as sazonalidades de vendas é potencialmente angustiante. Há períodos em que as vendas são mais intensas e, em outros, caem. Isso é natural, mas saber disso não é suficiente para diminuir o estresse nem para resolver a seca da torneira do dinheiro. A solução para lidar com a sazonalidade é o planejamento – e não só financeiro, mas de prospecção, inovação e gestão. Isso requer um amplo leque de habilidades do empreendedor e da equipe que trabalha com ele.
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O cliente acha que meu negócio não é negócio
Há jovens empreendedores que decidem não ter um escritório e trabalhar no modelo home-office ou coworking. Isso é OK, mas o que ocorre quando se depara com um cliente que tem uma visão tradicional e a falta de escritório se torna um porém no fechamento de negócios? O importante é o empreendedor saber que a decisão por home-office ou coworking pode não ser bem vista por empresas mais tradicionais que podem se tornar potenciais clientes. Se a escolha for essa, é importante torná-la a espinha dorsal do negócio e incorporá-la plenamente a seu discurso e a suas práticas de gestão. Isto é, aliar criatividade a gestão eficaz e respeitabilidade não só na prática, mas também no discurso. Ou, como se diz popularmente, é “matar no peito” esse modelo inovador.
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Quanto de flexibilidade vai na fórmula?
Cada empreendedor tem seu próprio estilo, e não é incomum que invista tempo e energia escolhendo o ‘móvel perfeito’, o ‘logo perfeito’, o ‘nome perfeito’ e outros componentes ‘perfeitos’, como se todo esse controle fosse tão importante quanto o negócio em si. É fundamental ponderar que, por vezes, não ter escritório e não exigir horários fixos de trabalho da equipe – mas gerenciar por metas e resultados com base em feedback efetivo – pode ser justamente o que permite ser inovador e atingir os objetivos. Esse tipo de informação e de possibilidade precisa ser valorizado pelo jovem empreendedor.